Chapter 17: Capítulo 17: O Sonho do Cozinheiro do Mar
A bomba venenosa de Don Krieg voava pelo ar, girando em sua trajetória mortal. O pânico tomou conta do Baratie. A toxina contida naquela esfera poderia condenar a todos ali. Mas antes que o pior pudesse acontecer, mãos de borracha surgiram no ar, esticando-se com velocidade impressionante.
Luffy agarrou a bomba antes que ela pudesse atingir seu alvo e, com um impulso poderoso, a lançou ainda mais longe, onde explodiu inofensivamente sobre as águas do oceano. Um silêncio tomou conta do Baratie. Todos os olhos estavam arregalados de surpresa e alívio.
O único que não parecia surpreso era Luffy. Seu rosto estava carregado de fúria incontrolável. Ele virou-se para Don Krieg, seus olhos queimando com indignação.
— Você não merece seus companheiros! — Luffy rugiu, avançando contra Krieg. — Você não merece lealdade! Você não merece sequer cogitar ser o Rei dos Piratas!
A cada palavra, um punho se chocava contra o rosto de Krieg. Luffy golpeava sem piedade, despejando sua raiva naqueles ataques. Krieg, atordoado, tentava reagir, mas cada soco de Luffy o fazia recuar mais e mais. Seus subordinados assistiam em choque enquanto seu líder, o autoproclamado "pirata invencível", era reduzido a um saco de pancadas.
Por fim, Luffy preparou-se para um último golpe, mas sentiu uma mão pousar suavemente em seu ombro. Ele virou-se, os olhos ainda carregados de fúria, apenas para encontrar Johnny e Yosaku. Os dois sorriam para ele, cansados, mas firmes.
— Acalme-se, Luffy-aniki, — Johnny disse, sua voz serena.
— Você já o derrotou, — completou Yosaku.
Luffy respirou fundo, deixando a tensão escapar de seu corpo. Ele largou Krieg, que caiu inconsciente ao chão.
Dois Dias Depois
O Baratie voltava à sua rotina normal, ainda que os danos causados pelo ataque de Krieg e sua tripulação estivessem sendo consertados. No convés, Luffy estava sentado de frente para Zeff, com um largo sorriso no rosto.
— Então, garoto, você quer mesmo encontrar um cozinheiro aqui? — Zeff perguntou, cruzando os braços, um leve sorriso brincando em seus lábios.
Luffy assentiu, animado. — Sim! E depois eu preciso encontrar um músico!
O velho cozinheiro arqueou a sobrancelha, um misto de curiosidade e exasperação em seu olhar. — Você é um garoto estranho.
Luffy apenas sorriu mais ainda, seus olhos brilhando com entusiasmo. Zeff então respirou fundo e olhou para o restaurante, onde Sanji trabalhava diligentemente.
— Leve o Sanji com você.
O sorriso de Luffy se alargou ainda mais, mas antes que pudesse responder, Zeff continuou:
— Aquele idiota não vai deixar esse lugar tão cedo, não sem um empurrão.
Luffy inclinou a cabeça, curioso. — Por quê? Ele não gosta de você?
Zeff soltou um riso seco, quase um grunhido. — Gosta até demais. Por isso mesmo.
Luffy coçou a cabeça, confuso. — Não entendi.
Zeff revirou os olhos, sentindo uma pontada de irritação, mas também um caloroso sentimento de afeição pelo garoto. Ele começou a contar sobre o naufrágio, sobre como Sanji sobreviveu com quase nada e sobre o All Blue.
— All Blue... — Luffy murmurou, seus olhos brilhando. — Deve ter muita comida lá!
Zeff sentiu a veia da testa pulsar. — É um mar lendário, onde todos os peixes do mundo se encontram, seu idiota!
— Ah, sim! — Luffy riu, sem se abalar. — Mas tem peixe que cospe fogo? E peixe que solta raio?
Zeff suspirou, sentindo vontade de socar o garoto, mas se conteve. — Não, Luffy. Não tem peixe que cospe fogo ou solta raio.
— Que pena... — Luffy murmurou, parecendo desapontado. — Mas e peixe que solta pum?
Zeff fechou os olhos, respirando fundo para manter a calma. — Luffy, me escuta...
— Eu já tentei. Mas ele me rejeitou. Eu não vou levar ninguém à força para o meu bando.
Zeff sorriu de canto. — Eu dou um jeito.
E assim, os cozinheiros do Baratie iniciaram um plano. Um a um, começaram a criticar a comida de Sanji, chamando-a de horrível, dizendo que ele não era tão bom quanto pensava. Sanji reagia com fúria a cada insulto, incapaz de aceitar tais palavras.
— A comida do Sanji é uma droga mesmo! — um dos cozinheiros exclamou, com um sorriso malicioso.
— Se é tão bom cozinheiro, por que não vai atrás do All Blue, hein? — outro provocou, com um olhar desafiador.
Sanji cerrava os punhos, segurando sua raiva. — O que você disse, seu... seu... rabanete azedo?! Minha comida é uma obra de arte, e você não passa de um paladar de lata velha!
— Ah, é? Então por que aquele cliente ali acabou de dizer que a sopa dele estava mais salgada que as lágrimas de uma cebola? — um terceiro cozinheiro provocou, apontando para um cliente insatisfeito.
— Aquele... aquele... molusco mofado! Ele não entende nada de culinária! — Sanji gritou, com a veia da testa pulsando. — Eu vou mostrar para ele o que é uma sopa de verdade!
Sanji correu para a cozinha, determinado a preparar a sopa perfeita para o cliente. Mas então, ao virar um corredor, ouviu uma conversa entre os outros cozinheiros.
— A verdade é que a comida do Sanji é maravilhosa.
— Sim, mas se não fizermos isso, ele nunca vai seguir o próprio sonho.
Sanji sentiu um aperto no peito, uma mistura de raiva e tristeza. Seus olhos ficaram sombrios, refletindo todas as emoções conflitantes dentro dele. Mas no fundo, ele sabia... Sabia que eles estavam certos.
A Partida
Na manhã seguinte, Sanji caminhou até a saída do Baratie, onde Luffy, Johnny, Yosaku e Gin esperavam no Going Merry. Ele não se despediu diretamente, apenas pegou sua mala e subiu no navio, com um olhar determinado, pronto para seguir seu sonho.
Enquanto o Going Merry se afastava, Sanji ficou na amurada, olhando para trás. O Baratie diminuía no horizonte, e ele sentiu algo apertar sua garganta, um nó de emoções conflitantes. Quando o restaurante estava quase fora de vista, ele abaixou-se em silêncio e, com lágrimas contidas, fez uma última reverência profunda, expressando sua gratidão a Zeff e a todos no Baratie.
Zeff, parado na porta do restaurante, observou a cena com um sorriso discreto, um misto de orgulho e saudade em seu olhar. Ele sabia que Sanji estava seguindo seu próprio caminho, e que o garoto encontraria o All Blue, não importava o que acontecesse.
Quando o Going Merry já estava bem distante, Zeff gritou com toda a sua força:
— Sanji!
O cozinheiro loiro virou-se, surpreso, com lágrimas escorrendo pelo rosto.
— Não pegue um resfriado!
Sanji sorriu, as lágrimas rolando livremente, e gritou de volta:
— Sim, Zeff!
E assim, o cozinheiro dos Chapéus de Palha partiu para uma nova aventura, deixando para trás o restaurante que o criou, mas levando consigo as lições e o amor que recebeu.