One piece Um Viajante Espacial

Chapter 18: Capítulo 18: A Rebelião Silenciada



A pequena casa onde Kaya cuidava de Zoro estava tomada por um cheiro forte de medicamentos, uma mistura de ervas e antissépticos que impregnava o ar, pairando sobre a madeira desgastada do chão. O som das bandagens sendo rasgadas e substituídas ecoava no ambiente silencioso, interrompido apenas pelo farfalhar do vento que batia nas janelas de papel. A luz fraca da lamparina tremulava, projetando sombras dançantes na parede, enquanto Kaya, com o cenho franzido, pressionava um pano embebido em ervas medicinais contra o peito ferido de Zoro, seus dedos delicados trabalhando com precisão e cuidado, como se cada toque fosse um fio de esperança.

A cada suspiro do espadachim, ela sentia o peso da responsabilidade em seus ombros, o medo de perder um companheiro apertando seu coração. Apressou-se em verificar sua febre, os olhos preocupados analisando cada detalhe, cada tremor em sua pele pálida, cada respiração superficial. Mesmo frágil, Zoro carregava uma expressão de teimosia, como se sua própria dor fosse irrelevante diante do que estava por vir, como se a determinação o mantivesse vivo.

Do lado de fora, Axton permanecia em silêncio, observando a vila com um olhar penetrante, como se pudesse ler os pensamentos de cada habitante. Ele já sabia que a rebelião começava a se formar, os habitantes murmurando entre si, afiando armas rudimentares e preparando-se para atacar. Seu olhar frio varria a multidão, analisando cada movimento, cada expressão de raiva e determinação, como se estivesse jogando um jogo de xadrez com a vida de cada um. Eram corajosos, sim, mas tolos. Atacar agora seria suicídio, um massacre sem sentido, uma tempestade de areia contra um maremoto.

Ele suspirou, sentindo o cansaço em seus ossos, a tensão da situação pesando sobre seus ombros como uma armadura enferrujada. Apesar de sua postura impassível, ele sabia que precisava fazer algo por Zoro, por seus companheiros, por aquela ilha. Com um movimento discreto, ergueu a palma da mão, e uma distorção invisível se formou ao redor da casa, como uma bolha de ar quente tremulando no verão. O espaço dentro da sala se alterou, criando um domínio onde a recuperação do corpo era acelerada, um oásis de cura em meio ao caos, um refúgio da fúria que se aproximava. Um brilho sutil percorreu as feridas de Zoro, e Kaya ofegou ao notar a mudança repentina no calor de sua pele, um arrepio percorrendo sua espinha, um pressentimento de que algo extraordinário estava acontecendo.

— O que está acontecendo? — Kaya perguntou, surpresa, seus olhos arregalados fixos em Axton, buscando respostas em seu rosto impassível.

— Apenas um pequeno truque — respondeu ele, sua voz sem emoção, como se estivesse comentando sobre o clima, como se estivesse falando sobre algo trivial. — Se Zoro tem que lutar, então ele precisa estar pronto mais cedo.

Ela engoliu em seco, compreendendo o peso da situação, a gravidade do que estava por vir, a iminência da batalha. Axton não era apenas um guerreiro, mas um estrategista, um mestre na arte da guerra. Ele sabia que a batalha contra Arlong seria brutal e que cada detalhe importava, cada segundo ganho era uma chance a mais de vitória, cada vida salva era um passo em direção à liberdade.

Enquanto isso, Nami atravessava a vila, seus punhos cerrados, o coração em chamas, a raiva fervendo em seu sangue como lava em um vulcão. A traição de Arlong ecoava em sua mente como uma maldição incessante, uma melodia dissonante que a torturava, um lembrete constante de sua ingenuidade. Todos aqueles anos de sacrifício, cada moeda que juntou, cada sofrimento que suportou, e tudo foi em vão, reduzido a cinzas pela crueldade de um homem-peixe, transformado em pó pela traição de um tirano. Ela queria gritar, destruir tudo, acabar com aquela tirania com suas próprias mãos, mas sabia que isso não era possível sozinha, que a vingança exigia paciência e estratégia, que a liberdade exigia sacrifício e união.

Arlong estava em seu quartel-general, uma construção robusta de coral e pedra, imponente como a própria opressão que representava, um símbolo da tirania que dominava a ilha. O cheiro de sal impregnava o ar, misturado ao som das ondas quebrando violentamente contra as rochas, um rugido constante que ecoava pela ilha, um lamento que se misturava ao vento. Dentro do salão principal, iluminado por tochas tremulantes que projetavam sombras dançantes nas paredes de coral, Arlong se recostava em seu trono, um sorriso cruel em seus lábios afiados, seus olhos frios como as profundezas do oceano, insondáveis e impiedosos.

— Você realmente achou que eu manteria minha palavra, Nami? — ele zombou, sua voz carregada de sarcasmo e desprezo, como se estivesse brincando com um brinquedo quebrado. — Humanos são tão ingênuos, tão fáceis de enganar, tão patéticos em sua esperança.

Ela rangeu os dentes, a raiva fervendo em seu sangue, as lágrimas lutando para escapar, mas ela as conteve, transformando-as em um olhar gélido que prometia retribuição.

— Eu deveria ter sabido que você era apenas um monstro! — cuspiu ela, sua voz carregada de ódio e repulsa, cada palavra como uma adaga.

Arlong riu, cruzando os braços, sua expressão de superioridade se intensificando, como se estivesse acima de qualquer emoção humana.

— Um monstro? Não, sou apenas um rei governando os fracos, os insignificantes, os descartáveis. E você, Nami, é apenas uma ferramenta, um peão em meu jogo, uma peça que posso mover à vontade.

Antes que ela pudesse reagir, um brilho azulado distorceu o ar ao redor do quartel-general, como se o próprio espaço estivesse se desfazendo, como se a realidade estivesse se desintegrando. O tempo pareceu se comprimir, as paredes tremulando como se estivessem sendo consumidas por uma força invisível, um poder que desafiava as leis da natureza, um cataclismo iminente. Homens-peixe tentaram correr, gritar, lutar, mas foram imobilizados no mesmo instante, seus corpos presos em um campo de energia invisível, seus movimentos congelados, suas expressões de terror capturadas como se fossem meras estátuas de sal, testemunhas mudas de sua própria derrota.

Arlong arregalou os olhos, tentando resistir, mas sentiu seu corpo pesar, sua própria força sendo anulada por algo que estava além de sua compreensão, um poder que o esmagava como uma onda gigante, um tsunami de energia que o afogava em sua própria impotência.

No centro do salão, sentado no trono de coral de Arlong, estava Axton. Seus olhos brilhavam com um tom frio e determinado, como duas safiras congeladas, impenetráveis e imutáveis. Sua mão repousava casualmente sobre o encosto do trono, como se estivesse confortável ali, como se aquele fosse seu lugar de direito, como se ele fosse o verdadeiro rei.

— Eu já vi ditadores como você antes — disse Axton, sua voz calma, mas carregada de poder, como o silêncio que precede uma tempestade, como o sussurro de um vento que anuncia um furacão. — Mas vocês nunca aprendem, nunca compreendem a insignificância de sua própria existência, a futilidade de sua tirania.

Arlong tentou se debater, gritar, rugir, mas não conseguia mover nem um músculo, nem sequer um cílio, nem sequer um pensamento.

— O quê... o que você fez?! — ele sussurrou, a voz rouca e fraca, o medo corroendo sua arrogância, a dúvida corroendo sua certeza.

Axton inclinou ligeiramente a cabeça, um sorriso de canto surgindo em seus lábios, um sorriso frio e calculista, um sorriso que prometia o fim.

— Simples. Eu silenciei sua rebelião antes mesmo de começar, antes que mais vidas fossem desperdiçadas em sua fúria insana, antes que mais lágrimas fossem derramadas em sua tirania.

O salão mergulhou em um silêncio absoluto, apenas o som das ondas quebrando nas rochas ecoando como um lamento distante, um réquiem pela queda de um tirano. Nami olhava para a cena, o coração acelerado, a respiração presa na garganta. Pela primeira vez, ela viu Arlong não como um monstro invencível, mas como um ser vulnerável, impotente diante de um poder que ele não compreendia, um poder que o reduzia a nada, um poder que o silenciava.

Longe dali, o Going Merry ainda navegava em direção à ilha, impulsionado pelo vento e pelas ondas, cortando o mar com a determinação de quem busca um porto seguro. A tripulação, reunida no convés, observava a paisagem que se aproximava, a costa de Cocoyasi se desenhando no horizonte como uma promessa de reencontro. Luffy, com os olhos brilhando de expectativa, mal podia conter a ansiedade de rever Nami e seus companheiros. Usopp, ao seu lado, ajustava seu estilingue, preparando-se para qualquer eventualidade, enquanto Kaya, com um livro de medicina nas mãos, relia suas anotações, buscando conhecimento para auxiliar na recuperação de Zoro. Johnny e Yosaku, os caçadores de recompensas, observavam o mar com atenção, prontos para defender o navio de qualquer ameaça.

Enquanto o Going Merry se aproximava da costa, a tensão em Cocoyasi continuava a crescer. Na casa onde Zoro se recuperava, Kaya observava o espadachim com atenção, monitorando seus sinais vitais, buscando qualquer sinal de melhora. Axton, do lado de fora, observava a vila com um olhar pensativo, analisando a situação, planejando os próximos passos. Ele sabia que a batalha contra Arlong estava apenas começando, que a liberdade de Cocoyasi exigiria mais do que apenas a derrota do tirano, que a reconstrução da ilha exigiria a união de todos.

Na prisão dimensional de Axton, Arlong, impotente, observava o homem que o aprisionara. A raiva fervia em seu sangue, a frustração o consumia, mas ele sabia que não podia fazer nada, que estava à mercê de um poder que não compreendia. Ele olhou para Nami, seus olhos frios e calculistas, buscando uma última chance de provocá-la, de fazê-la sofrer.

— Você acha que isso vai durar para sempre? — ele zombou, sua voz rouca e fraca, mas ainda carregada de veneno. — Ele não pode me manter aqui para sempre.

Nami o encarou com desprezo, sem se deixar abalar pelas palavras do homem-peixe.

— Ele não precisa — ela respondeu, sua voz calma e determinada. — Ele já te derrotou.

Arlong rangeu os dentes, a fúria o consumindo por dentro. Ele sabia que Nami estava certa, que sua tirania havia acabado, que seu reinado de terror havia chegado ao fim. Mas ele não se renderia, não enquanto houvesse uma chance de vingança, não enquanto houvesse um fio de esperança de retomar o poder.

Naquele momento, o Going Merry ancorou na costa de Cocoyasi, trazendo consigo a esperança de um novo futuro para a ilha. Luffy e sua tripulação desembarcaram, prontos para lutar ao lado de seus companheiros, prontos para libertar Cocoyasi das garras da tirania. A batalha final estava prestes a começar, o destino da ilha estava prestes a ser decidido, e o mundo observava, ansioso, o desenrolar dos acontecimentos.

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